Confira como aplicar o reajuste salarial na organização
O trabalhador formal está há três anos sem ganho de salário real, quando o aumento supera a inflação do período anterior. Esses dados são parte de um levantamento do portal de economia da Uol traz o estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que analisou o piso dos salários e a inflação dos alimentos. Por isso, mais do que nunca, é necessário falar do reajuste salarial.
Afinal, o fator está diretamente ligado à satisfação dos colaboradores. Quatro em cada dez brasileiros avaliam trocar de emprego em 2022, muitos motivados por questões salariais. O estudo Perspectivas para o Mercado de Trabalho 2022 revela um esforço das companhias para reter os profissionais. Entre as estratégias adotadas, 41,3% busca oferecer benefícios atrativos combinados com remuneração competitiva.
Logo, a área de Recursos Humanos precisa estar preparada para falar sobre reajuste salarial. Neste artigo, estão listadas as consequências de não levar esse assunto para as empresas, como aplicar o reajuste e suas vantagens.
O reajuste salarial está previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e acontece uma vez por ano para todos os colaboradores. A prática é regulada pelo artigo 611 da lei da CLT e os valores variam conforme os sindicatos de cada área. De modo geral, o reajuste acontece no primeiro dia útil do mês estabelecido pela empresa e sindicato.
Saber como fazer esse reajuste também é importante, pois depende do que foi negociado com cada categoria. Com essa informação em mãos, o reajuste salarial é calculado considerando a porcentagem definida no acordo aplicada sobre o último valor bruto do salário.
O cálculo é bem simples, mas também pode incluir reajustes nos benefícios corporativos. Entre eles, o vale-alimentação e vale-cultura. Cabe ao gestor do RH se informar através do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), documento que oficializa o reajuste salarial.
O reajuste salarial não é apenas uma obrigatoriedade judicial — também é uma forma de valorizar seus colaboradores. Atualmente, 56% dos trabalhadores formais do Brasil estão insatisfeitos com a sua ocupação. Além de uma remuneração justa, os colaboradores buscam reconhecimento profissional e oportunidades claras de crescimento. Alguns exemplos da falta do reajuste salarial são:
Essa é a principal consequência para as empresas que não levam o reajuste salarial à sério. Segundo o Índice de Confiança Robert Half, mais da metade dos entrevistados está incomodada com as atuais oportunidades de trabalho. O salário inadequado lidera entre os motivos mais citados, seguido de relacionamento com gestores e trabalhar com o que se gosta.
A consultoria Robert Half aponta que, mesmo em períodos mais desafiadores, as organizações precisam oferecer valores atrativos. Um pacote de remuneração condizente com o mercado é crucial para atrair e reter talentos, ainda mais em um cenário tão conectado. Já existem ferramentas que revelam se o salário é compatível, como o site Salário BR.
A alta rotatividade dos colaboradores preocupa cada vez mais o setor de Recursos Humanas. Só nos últimos três anos, empresas do mundo inteiro registraram crescimento de 38% no turnover — só no Brasil, esse fenômeno apresentou um percentual de 82%. Para fins de comparação, a Fundação Instituto de Administração (FIA) recomenda que esse índice não ultrapasse 5%.
Ter boas práticas de reajuste salarial ajuda a controlar essa taxa. Do contrário, a organização passa a sentir efeitos como:
Essa já é uma realidade em muitas companhias: 85% dos funcionários no mundo todo ou não estão engajados ou estão ativamente desengajados em seus trabalhos. Salários baixos, falta de reconhecimento profissional e ausência de feedbacks são alguns dos motivos mais citados pelos colaboradores.
É preciso entender o motivo da queda no desempenho e traçar estratégias para mudar essa realidade. A criação de programas de incentivo e compromisso com o reajuste salarial são algumas opções, que devem andar junto com um bom ambiente organizacional.
Uma vez que o reajuste salarial é um direito trabalhista, cabe à empresa o cumprimento da lei. O gestor de RH precisa manter-se informado sobre as negociações com os sindicatos e quem tem direito de receber a adequação. Caso a categoria não tenha um sindicato, a lei exige que um representante seja definido entre os colaboradores para liderar as negociações.
Outro ponto de atenção está na comunicação com os trabalhadores, que deve ser feita de modo claro. Ter um plano de comunicação interna é crucial para evitar dúvidas e se antecipar aos questionamentos. Essas práticas contribuem para aumentar a confiança e melhorar a relação dos colaboradores com a organização.
Por fim, é preciso incluir o reajuste salarial no planejamento financeiro. O setor Financeiro precisa levar em consideração essa prática na hora de fazer o mapeamento anual, para não ter surpresas com a folha de pagamento. A recomendação é usar os reajustes anteriores como base para calcular os próximos.
Depois de aplicar o reajuste salarial, os gestores podem perceber algumas mudanças positivas no ambiente de trabalho. O aumento na motivação é uma das mais esperadas, pois está diretamente ligada à produtividade.
Afinal, funcionários felizes são 12% mais produtivos do que os demais. Também há uma alta de 37% nas vendas e três vezes mais criatividades entre aqueles que estão satisfeitos com suas ocupações. Por outro lado, cenários negativos geram queda na produção e no rendimento profissional dos colaboradores.
Outra vantagem diz respeito à valorização do profissional, pois o reajuste salarial é uma forma de reconhecimento do trabalho. Empresas que querem reter talentos precisam reconhecer suas equipes — e 58% dos funcionários acreditam que a congratulação é a melhor maneira de aumentar o engajamento.
Essa prática está prevista na lei, sendo que cada categoria profissional tem seu próprio sindicato e negociações próprias. Seja como for, o RH precisa tratar o reajuste salarial além da questão judicial: é uma forma de valorizar os colaboradores e melhorar a retenção de talentos.
Ignorar esse aspecto gera insatisfação e aumento do turnover. Empresas de todo o mundo, em especial no Brasil, estão sofrendo com a alta rotatividade, então é preciso ter um plano de ação consolidado.
Os setores de Recursos Humanos e Financeiro devem se unir com o Financeiro para adotar as melhores práticas, como inclusão na folha do pagamento e foco na comunicação interna. Assim, os funcionários têm as informações necessárias e podem se programar para o recebimento do reajuste salarial.
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