Apesar de ter existido uma expectativa otimista em relação à pandemia, atualmente compreendemos que a COVID-19 deixou algumas modificações no funcionamento laboral.
Um estudo internacional desenvolvido pelo grupo Adecco (Resetting Normal) comprova que cerca de ¾ dos mais de 8000 profissionais inquiridos querem dar continuidade ao seu trabalho num modelo híbrido, com metade do tempo passado no escritório e a outra metade em casa.
Já no que diz respeito à mobilidade, há uma primeira premissa que deve ser compreendida, e que é fundamental no contexto da flexibilidade laboral: nem todos os trabalhadores têm as mesmas necessidades de mobilidade.
Há vários fatores que afetam o modo como o trabalhador se desloca até ao local de trabalho: a distância entre a sua habitação e o lugar de emprego e a maneira como estão organizados os transportes públicos, para além de várias outras externalidades adversas correspondem a desafios a que as empresas terão de responder. Além disso, o eventual maior desfasamento dos horários entre os trabalhadores é também um novo desafio.
Nesse sentido, após dois anos com longos períodos de teletrabalho, como podem as empresas portuguesas incentivar os seus colaboradores a voltarem para os locais de trabalho? De que forma é que uma maior flexibilidade, oferta e sustentabilidade nos meios de transporte oferecidos poderá ajudar estas empresas?
Num período que é ainda de grande incerteza, os colaboradores valorizam um aumento e uma maior abertura na comunicação dos empregadores.
A comunicação é apresentada como um dos grandes motivos de fracasso em algumas das atividades propostas, e é peça fundamental da maior flexibilidade laboral desejada. Portanto, comunicar, comunicar e comunicar é a principal e primeira prioridade. Fazê-lo com clareza, frequência e abertura (A importância da comunicação no ambiente de trabalho).
O “novo normal” pode exigir dos colaboradores um reajustamento dos horários de trabalho e a obrigação de utilizar novas rotas e meios de transporte. Cabe, por isso, às empresas portuguesas perceberem que é este o momento de apresentarem mais incentivos fiscais e remuneratórios para lidar com esta realidade. O reforço dos subsídios de transporte ou a criação de um novo subsídio pode ser uma boa aposta.
Se é verdade que esta opção pode não ser viável para todas as empresas portuguesas, é certamente uma recomendação para as de dimensão média e grande, e poderá ser um enfoque fundamental da necessária maior flexibilidade no trabalho pós-pandemia.
Esta opção possibilita também que seja feito de forma flexível e otimizada o primeiro e o último contacto do dia com o colaborador. Trata-se de mais uma vantagem para fazer com que o colaborador encare o dia de modo positivo e se sinta motivado para voltar no dia seguinte.
Em adição, e para as empresas que dispõem já de um serviço shuttle, talvez seja uma boa oportunidade procurarem trocar a frota atual para uma mais otimizada e eficiente para os colaboradores.
No mundo atual, a preocupação com um modo de produção e transporte verde e ecológico é cada vez maior. As novas gerações estão muito sensibilizadas para esta matéria, que deve estar na agenda de todas as empresas. Os jovens preferem, hoje, escolher empregos verdes, sempre que podem (Os empregos verdes são uma opção consciente dos jovens — e vieram para ficar | Ambiente | PÚBLICO).
Assim, e aproveitando uma eventual renovação ou revigoração no sistema de transportes, os empregadores portugueses devem sublinhar, reforçar e reiterar a sua preocupação e o seu respeito para com o compromisso verde.
Invariavelmente ao criar este tipo de condições, este sistema vai permitir a criação de valor para os trabalhadores. Além disso, permite também estudar o antes e depois da sua implementação.
No fundo, a abordagem proporciona um quadro abrangente de ligação entre os requisitos dos empregados, a vontade do empregador e as oportunidades específicas do local, definindo uma função de utilidade quantitativa, que resulta numa lista das medidas mais adequadas para um local de trabalho específico. As quais podem ser avaliadas e reajustadas se necessário.
Com efeito, a pandemia COVID-19 pode servir para que os empregadores e as empresas transformem uma adversidade numa oportunidade.
A flexibilização dos horários de trabalho, o incentivo e a prática de estratégias de comunicação mais claras e sobretudo a criação ou o reforço de um sistema de transporte interno da empresa pode ajudar ao processo de recrutamento e à manutenção do talento. A facilitação e a boa gestão da mobilidade dos colaboradores é fundamental para que as empresas portuguesas tenham colaboradores mais motivados, mais produtivos e mais felizes em estarem nos seus locais de trabalho. Todas estas ações devem ser feitas sem nunca esquecer a impreterível necessidade de respeito e honra ao compromisso verde.
No momento atual, uma empresa que não se mostre sensível à agenda verde poderá ter alguns problemas de imagem, por isso empresas como a BUSUP ajudam a encaminhar para essa direção.
Por outras palavras, a oferta de novas soluções de transportes para os colaboradores constituirá uma oportunidade para trabalhar a flexibilidade no trabalho, assim como a responsabilidade ecológica de cada empresa.
Será que as empresas portuguesas estão preparadas para o pós-pandemia?